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Por que o "marketing verde" não convence?
Posted by Vitor Melo de Castro
on
17:27
in
Sustentabilidade
E daí que sua empresa é sustentável? Segundo especialista em responsabilidade empresarial, para conquistar o consumidor, é preciso vender mais do que o "verde".
Você acredita em tudo que se diz sustentável e
ecologicamente correto por aí? Se sua
resposta for “não”, bem vido ao clube da imensa maioria de descrentes do marketing verde.
Pesquisas feitas no Brasil e no mundo já mostraram que mais de 80%
das pessoas desconfiam que as empresas cumpram as ações de responsabilidade
socioambiental que anunciam em suas propagandas.
Especialista no assunto, Giles Gibbons, cofundador e CEO da
britânica Good
Business, uma das consultorias líderes em responsabilidade empresarial, tem
a crítica na ponta da língua.
“Não é só porque uma companhia abraça inciativas
verdes, que deve sair contando para todo mundo. É preciso uma comunicação mais
sofisticada, que converse com as necessidades do consumidor.”, diz.
Para conferir a entrevista dada a revista Exame, clique logo
abaixo em (Continue
lendo)
O senhor é autor de um livro que leva o mesmo nome da
consultoria, Good Business. Qual a sua definição de um bom negócio?
Gibbons - A resposta é simples. Se você quer mudar o
mundo, então faça-o através dos negócios. Se você quiser ajudar o seu negócio,
então ajude a mudar o mundo. As empresas têm o poder de gerar mudanças sociais
positivas pela forma como se comunicam. Se você quer evitar que um adolescente
não fume, é mais fácil convencê-lo através de uma propaganda da Nike, do que
por uma ONG ou pelo Ministério da Saúde dizendo “Ei, não fume". O objetivo
é mostrar como o uso de ferramentas sociais e ambientais ajudam os empresários
a criarem negócios responsáveis, lucrativos e competitivos.
Qual o papel da sustentabilidade aí?
Gibbons - Um bom negócio tem a responsabilidade
socioambiental como estratégia. Mas falar de sustentabilidade nem sempre é
fácil. Certa vez, almoçando num restaurante, conversei com o chef sobre
sustentabilidade. Ele entendeu o conceito do ponto de vista do alimento, de
garantir a qualidade do produto desde a origem. Mas não há sentido nisso se a
gestão da cozinha for descontrolada, com desperdício de gás e luz, e se o
faxineiro receber uma ninharia no final do mês. Isso não é fazer um bom
negócio. Se eu lhe disser como toco meu negócio, será que você vai gostar? A
sustentabilidade deve ser vista como uma forma de gerenciar o negócio, não como
um setor ou ação isolados.
Cada vez mais, as marcas querem convencer o consumidor a
respeito de suas credenciais verdes. Mas as pessoas estão mais desconfiadas...
Gibbons - Por isso sempre digo “esqueça o verde, pense
na informação”. A má comunicação cria ceticismo no consumidor. A
sustentabilidade não deve ser vista como um canal de comunicação, porque ela
não é isso, é sim uma forma de gerir o negócio com reponsabilidade.
Muito do discurso da sustentabilidade acontece no plano
acadêmico e teórico e o consumidor não quer saber disso, porque não muda a
realidade dele. Quando uma empresa me passa uma informação que não me
interessa, eu me pergunto por que essa empresa está dizendo isso. A dica é: Não
diga às pessoas o que elas não querem ouvir, ache uma forma dizer o que é
importante para sua empresa de maneira que interesse o consumidor. Se você só
empurra informação, aumenta o comportamento cético
Lembra algum exemplo positivo?
Gibbons - A Fiat tem uma campanha que mostra ao
motorista que, com medidas simples, como checar o pneu, é possível otimizar a
direção do carro, gastar menos com combustível e evitar multas por poluição.
Eles não vendem o veículo por um ponto de vista sustentável, e, sim, pela
eficiência energética e pelo benefício econômico.
Outro exemplo é uma ação da Procter & Gamble para o
sabão em pó Ariel. Fizeram uma campanha dizendo que, com o novo produto, não
era mais necessário lavar a roupa com água muito quente, que de tão poderoso,
Ariel lavava roupa com água morna. Essa era a primeira mensagem. A segunda
mensagem era do benefício ambiental, de que dispensar água quente, Ariel usava
menos energia. Neste caso, o Marketing achou um jeito de comunicar a ação verde
da companhia de um ponto vista que interessasse ao consumidor.
Então, para conquistar de verdade o
consumidor, é preciso vender mais do que o "verde"?
Gibbons - Certamente, atender as necessidades do
consumidor é mais eficaz do que dizer “Olha como somos ótimos e nos preocupamos
com o meio ambiente”. Há muitos negócios fazendo muita coisa bacana mas
comunicando pouco, muitos não fazendo nada mas falando muito e alguns fazendo
muito, falando bem, e colhendo benefícios.
Nos dois primeiros casos, programas de sustentabilidade e de
CSR (sigla em inglês para Responsabilidade Social Corporativa) são usados como
ferramentas de comunicação, quando em verdade são ferramentas de gerenciamento,
que ajudam as organizações a medir seu impacto social e ambiental. Não é só
porque uma companhia desenvolve iniciativas verdes, que deve comunicá-las aos
consumidores. Isso não deve ser automático, só porque foi feito, precisa ser
dito. A sustentabilidade não é um fim em si, é um continuum.
fonte:exame.com
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