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Criatividade não é para os chatos
Leitura obrigatória:
"Se quiser atrair mentes criativas, não fique controlando o
horário dos funcionários."
Criatividade rima com personalidades inquietas, curiosas,
insatisfeitas a ponto de serem até incômodas. Criatividade não é para os
chatos. De um conjunto de chatos não sairá nada de novo. Pior, eles poderão até
drenas o potencial dos criativos, porque a tendência dos chatos é se unir
contra o diferente.
Numa empresa, é inútil procurar extrair a criatividade de
quem está sujeito a um controle de horário. Elimine o controle. É repressão.
Elimine também os que acham que o controle induz à produtividade, porque a
repressão não leva à virtude. O próprio lugar precisa ser orientado a estimular
e acolher a criatividade.
Deve promover a interação, a troca de informações, a
efervescência. Um ambiente desses atrai pessoas criativas. O reconhecimento de
seus pares faz toda a diferença ao ser criativo. Os criativos se reconhecem,
nutrem-se uns dos outros, precisam interagir para se inspirar.
Proximidade pode não se aplicar a todas as áreas. Por
exemplo: os escritores aparecem nos lugares mais insuspeitos. Mas, por menor que
seja o povoado, deve ter pelo menos uma biblioteca. Aliás, a sua empresa tem
uma? Você empresta DVDs de ópera ou balé ao seus empregados? Por que não?
Já pintores, inventores, compositores são diferentes dos
escritores. Todos precisam de mais. Nem que seja de tintas, de instrumentos, de
laboratórios. Precisam dos outros, mas também de liberdade e cuidado. O
criativo, que mal se liga no dinheiro, precisa de acolhimento. Daí os mecenas.
Quer criatividade em sua empresa? Seja um mecenas, aprecie o heterodoxo, o
diferente, desenvolva sua própria curiosidade.
Para estimular a criatividade em sua empresa, você precisará
primeiro neutralizar os chatos. Precisa deles? Eles têm competências das quais
você não pode prescindir? Então mantenha-os, mas não no comando.
Promova quem vai conviver bem com a criatividade e a
eventual desordem que ela traz. Em segundo lugar, crie você mesmo um ambiente
criativo, que promova o prazer de estar ali, que facilite as trocas. Não sabe
como? Visite os ambientes das empresas criativas e escolha o que você quer.
Depois, contrate um arquiteto. Já seria um bom começo.
Terceiro, atraia um pioneiro que caiba em seu bolso. Ele atrairá os outros
criativos. Você talvez nem precise pagar por todos eles. Ofereça espaço,
condições, acolha.
Essa interação acabará beneficiando os que trabalham com
você. Fomente a diversidade, contrate talentos, não caras bonitas nem
currículos glamourosos ou primeiros alunos. Inteligência acadêmica poderá ser
um pré-requisito, mas raramente é suficiente. Einstein foi reprovado e
trabalhou numa empresa de seguros até que se libertou. Já imaginou a cara do
professor que o reprovou? Alguém lembra do nome? Tomara que você não tenha um
dia de amargar o arrependimento de ter demitido um sujeito que decolou em outro
lugar.
O texto é de Alfredo Behrens, publicado na revista Pequenas empresas & Grandes negócios de Outubro de 2012.
*Alfredo Behrens é professor da Fundação Instituto de
Administração(FIA), em São Paulo. Seu livro mais recente é: Fuzilar Heróis e
Premiar Covardes, O Caminho Certo para um Desastre Organizacional (Editora
Bei).
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