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Empresas familiares - Parte II
Posted by Matheus Cappella
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16:05
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Empresas familiares
Como foi dito no post "Empresas familiares - parte
I", este tipo de empresa deve ser estudada como uma empresa a parte, ou
seja, não se pode generalizar os aspectos estudados em uma empresa normal para
este tipo de empresa.
Segundo o que foi dito no post "parte I",
explicitaremos os principais problemas oriundos de empresas familiares:
- Falta de qualificação profissional e nepotismo –
Com a justificativa de que é melhor ter pessoas de confiança trabalhando ao seu
lado ou da necessidade de ajudar um parente ou amigo próximo, a empresa
familiar tem como característica própria à contratação de familiares e amigos
para cargos de confiança da empresa.
Isso seria uma conduta correta se essas pessoas tivessem a competência necessária para desempenhar o cargo na empresa. Esse tipo de contratação faz com que o processo de profissionalização da empresa seja lento proporcionando pouca competitividade frente ao mercado. - Misturar dinheiro pessoal e corporativo - Muitas vezes a empresa utiliza dinheiro próprio para saldar compromissos pessoais comprometendo a saúde financeira da empresa. É importante ressaltar que capital corporativo deverá sempre ser usado para fins de apoio a empresa, seja como fluxo de caixa ou novos investimentos em infraestrutura. Portanto, o dinheiro do caixa da empresa não deve ser misturado com as despesas pessoais dos sócios.
- Sucessão - É um ponto crucial na administração de
empresas familiares, deve ser tratado como um objetivo de longo prazo, bem
planejado e não como algo pontual. Um Levantamento do Centre for Family
Enterprise, tratando de empresas familiares na Comunidade Européia, mostra
que somente três em cada 10 conseguem vencer esta etapa, e somente metade
dessas alcançarão a terceira geração (Financial Times 1996).
Essa passagem também pode ser dificultada por questões ligadas a herança ou por escolha de sucessores. Logo, o processo de sucessão deve ser iniciado quanto antes, para que não haja problemas com essa passagem.
- Profissionalização – Diante do acirramento da
concorrência e a crescente sofisticação do mercado, a profissionalização de
empresas familiares se torna inevitável. Essa etapa se torna ainda mais
primordial em empresas que querem expandir seus negócios, pois a competitividade
por mercado resultou em um ambiente instável e que qualquer manobra errada, ou
não adequação da empresa aos moldes atuais, pode acarretar em uma morte
empresarial anunciada.
Porém, como no problema de sucessão, a administração profissional deve ser tratada como uma transição gradual, bem planejada. Em matéria sobre profissionalização de empresas, a revista HSM (Nov/dez 2004) relatou o caso da P&G, que foi fundada por duas famílias com características paternalistas, fortemente conservadoras e resistente a mudanças.
Durante um período de crise, a empresa precisou se profissionalizar, assim, contrataram o consultor Kirk Jagger para executar essa função. Kirk tentou de maneira radical fazer com que a empresa especializasse sua administração, porém encontrou enorme resistência dos colaboradores, que não estavam acostumados com a nova filosofia. Diante disso, Kirk falhou e foi substituído por outro executivo que optou pela mudança gradual e consequentemente obteve sucesso.
- Centralização de poder – A concentração nas decisões
emperra a prosperidade de qualquer negócio. O processo decisório funciona desta
maneira em empresas familiares pois quem está no comando é o fundador. É
preciso delegar funções para obter maior eficiência organizacional.
Em uma entrevista com Luis Felipe Scolari na revista HSM (Jan/fev 2007), o ex-técnico da seleção brasileira afirma que “equipes-família devem combinar vários líderes, talentos simples e talentos difíceis de serem administrados”. Ou seja, as empresas devem sempre se constituir de vários líderes e se possível, mesclar esses tipos de pessoas de modo que se obtenha maior heterogeneidade dentro da empresa.
- Conservadorismo da gestão – É uma questão
comportamental, oriunda de pessoas que estão no comando por muito tempo. Se
caracteriza de uma estrutura avessa a grandes mudanças que de certa forma
bloqueia e emperra o desenvolvimento da empresa.
O mais válido é tentar mesclar gerações, além do gestor procurar sempre manter-se atualizado através de leituras e cursos de aperfeiçoamento. Logo é uma questão muito mais comportamental do que pontual.